quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Acontece quando se é exigente ou esquisito - Uma história nos Alpes Marítimos

Como sempre quando em viagem a preguiça é rainha, pelo que nos levantamos tardiamente e à pressa.
Após um bom banho saímos do Hotel "La Villa" em Nice.


Tomamos o pequeno almoço, bem perto, num café agradável, o "les Hussards Bleus".


Após o café, no nosso Ford Fiesta alugado, resolvemos fazer mais uma incursão pelos Alpes Marítimos. O destino inicial era Peillon.

Após uma estrada ingrata de montanha, cerca das 12h30, lá chegamos à vila de Peillon.


Devido à beleza da povoação a visita foi demorada.


Cerca das 13h30 a fome começou a dar sinais. Espreitámos para o único restaurante da vila. O mesmo não tinha clientes, pelo que resolvemos procurar outro restaurante na povoação mais perto, que apenas distava 15 kms.
Esquecemo-nos que essa distância, por vezes, pode ser enorme, quando se trata de estradas de montanhas.


Passado muito tempo, com a fome a apertar cada vez mais, passámos por uma pizzaria junto à estrada. Como sou "esquisito" e a pizzaria era muito escura e com mau aspecto, resolvemos seguir mais um pouco à procura de algo melhor.
O estômago lá ia refilando, mas esperávamos encontrar um restaurante em breve.

Enfim, chegamos a Contes, uma povoação relativamente grande, que certamente iria ter vários restaurantes. Azar, era o dia de festa da localidade e não se conseguia arranjar local para comer em parte alguma.
Que fazer? Tanto para a frente como para trás apenas estradas de montanha. Havia que conquistar as mesmas e lá seguimos cheios de fome. Já eram 15h30 e não sabíamos onde conseguiríamos almoçar.


Após passarmos uma ponte na estrada, numa povoação sem restaurantes


Lá conseguimos vislumbrar um restaurante de aspecto agradável. Mas, eram 16h00 e o mesmo havia encerrado às 15h00.
Frustados lá seguimos, continuando a aventura, difícil, de subir a montanha.


Já cansados e vencidos pela fome chegamos ao ponto mais alto do percurso, um paraíso perdido chamado de "Col de Braus".




Surpresa. Num local no meio do nada, uma esplanada numa casa junto à estrada.
Maravilha, apressámo-nos a entrar. Lá dentro um grupo cantava, comia e bebia.
Os nossos olhas saltaram de alegria. Enfim íamos comer qualquer coisa.
Enquanto os meus companheiros de aventura perguntavam se se podia comer alguma coisa eu dirigi-me de imediato ao WC para lavar as mãos.


A senhora que nos atendeu, surpresa, olhando para nós e apercebendo-se do nosso ar de esfomeados, disse que se arranjava algo como umas uma tapas (presunto de Parma, queijo e chouriço caseiros, pickles e foiegras) e umas cervejas.
Sentámo-nos felizes na esplanada a comer e a beber.



Como o petisco estava muito bom pedimos para repetir a dose.
A "senhora do restaurante" olhou para nós, lá foi buscar outra dose e ao colocá-la na mesa disse-nos:
- Sabem isto é uma festa de anos, o restaurante está fechado"

Ficamos sem palavras, rimo-nos da nossa figura.

Aquela festa e restaurante eram de uma família integrada numa comunidade aparentemente hippie, disposta a ajudar e a partilhar.
Foi com alegria e partilha que fomos acolhidos.

Na despedida e ao pagar, a conta foi pequena e ainda nos foi oferecido um licor verde, de "umas ervas que aparentemente nos fazem rir".

Felizes e de barriga aconchegada lá seguimos pois havia que conquistar novamente a montanha.



O nosso sincero obrigado àqueles que tão bem nos receberam

(Fotos: A.Campeão, todos os direitos reservados)

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